Choro e pranto

É inimaginável a dor que os pais sentem quando perdem seus filhos. Essa é a dor sem nome e, não dá para dimensionar o sofrimento dos parentes e amigos que viram os seus morrerem de maneira brutal. Num momento como esse, recordo os versos da canção que diz: “A dor da gente é dor de menino acanhado / Menino-bezerro pisado no curral do mundo a penar”. Sofrimento, dor e tristeza se unem nesse momento. Quero chorar com aqueles que choram. Sentir a dor deles, me identificar.

Diante da dor das pessoas, gente de carne e osso, temos que atentar para a canção que diz: “Chora a nossa Pátria, mãe gentil / Choram Marias e Clarices / No solo do Brasil”, choremos com elas, pranteemos e sintamos a dor delas. O profeta declarou: “Assim diz o Senhor: Uma voz se ouviu em Ramá, lamentação, choro amargo; Raquel chora seus filhos; não quer ser consolada quanto a seus filhos, porque já não existem” (Jr 31.15).

Não celebro a morte de ninguém. Fico triste por todos os que morreram, tanto policiais como civis. Bandidos e não bandidos. Não advogo a ideia de que bandido bom é bandido morto. Esse não é o ensinamento bíblico. Recordemos as palavras do profeta Ezequiel:

“Vivo eu, diz o Senhor Deus, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho, e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois, por que razão morrereis, ó casa de Israel?” (Ez 33.11). 

Deus é o Deus da vida e é o Deus que deseja que todos se convertam.

Bom mesmo é ver a justiça prevalecendo. É poder ver a misericórdia reinando. Bom mesmo é poder ir e vir sem medo, é celebrar a vida. Ah! Bom mesmo é ver a conversão das pessoas e em obediência a Cristo, ver que elas amam até aqueles que são considerados seus inimigos (Mt 5.44).

Choro e pranto na cidade do Rio e não só. Vivemos um momento em que a vida perdeu seu valor. Vivemos numa cultura de violência e morte e, por isso, há muitos filhos e maridos que já não são.

Choro e lamento a perda de todas as pessoas. Quero ser solidário com todos e jamais defenderei a ideia de que bandido bom é bandido morto. Bandido bom é bandido convertido.