Estrangeiros
- Marcos Amazonas Santos
- 16 de jul. de 2024
- 2 min de leitura

Sou um caboclo lá da cidade de Manaus, que tem o privilégio de viver pela segunda vez em Portugal. Sou um estrangeiro radicado nesse país há quase vinte e sete anos e devo dizer que fui muito bem acolhido. Não posso falar sobre atitudes xenófobas, pois como família nunca nos sentimos afetados por qualquer preconceito. Entretanto, é notório ver e não apenas em Portugal, como em toda Europa e em outros tantos países, inclusive o Brasil, o crescimento do dito preconceito racial, o avanço da xenofobia e, acoplado a isso, o aumento da violência em relação a cidadãos estrangeiros.
Lógico que diante do aumento exacerbado de preconceito em relação aos estrangeiros, é fundamental ter-se cuidado e olhar para a situação com um certo nível de preocupação. Refletindo sobre essa realidade, debrucei-me sobre a Escritura e vi que existem muitos textos que falam sobre o estrangeiro, mas um foi-me especial. Como seria magnífico se os países entendessem e cumprisse o que o Senhor disse ao povo de Israel:
“Uma mesma lei e um mesmo direito haverá para vós e para o estrangeiro que peregrina convosco” (Nm 15.16). O que aprendemos com esse texto?
A primeira lição que esse texto me ensina é o princípio da igualdade. A lei e o direito devem ser iguais para todos. Não existem cidadãos de segunda. O estrangeiro deve ser tratado com dignidade e precisa ter todos os seus direitos garantidos. Ou seja, tanto o local como o estrangeiro são seres com direitos e deveres e que precisam ser amparados pelo Estado.
A segunda lição que esse texto me ensina é o princípio do acolhimento e respeito. O estrangeiro tem o direito de viver num país diferente, que ele elegeu, mas precisa ser acolhido e respeitado. Ele tem que ter salvaguardada a sua dignidade. Deve ser-lhe dado o direito de viver e conviver em sociedade como um cidadão pleno. É essencial que haja um bom acolhimento e não estou defendendo aqui livre acesso e o direito de ir e vir sem princípios ou regras. O que afirmo é que a pessoa deve ter garantido o seu direito de viver num país que escolheu, ser acolhido e tratado com dignidade.
A terceira lição que esse texto me ensina é o princípio da reciprocidade. O estrangeiro deve ser bem acolhido e tem que ser respeitado, mas também é verdade que ele necessita se submeter às leis do país em que decidiu viver e não pode e nem deve impor sua cultura e os seus valores. Ou seja, da mesma maneira que ele deve ser acolhido, é essencial acolher os valores e a cultura do país que ele decidiu viver.
O momento em que vivemos é de extremos e, por isso, notamos o aumento do preconceito e da violência em relação aos estrangeiros. É o momento de parar e ver o outro como seu igual e tratá-lo com respeito e dignidade. Portugal me acolheu, sempre fui bem tratado, mas vejo tanto aqui, como Brasil e em outros países a xenofobia avançando. É chegado o momento de dar ouvidos à voz do Criador e respeitar e amparar o próximo.



Bom dia de sabadão para nós outros, caminhar dentro da fé cristã e ver seu irmão que está ao seu lado seja ele do Sul
ou do Norte, mas antes perceber se de facto percebeu a ideia de Jesus que disse amai o próximo
como a ti mesmo.
Amar o próximo significa apenas estender a mão e dizer Jesus te ama e eu também.