Cada coisa no seu lugar
- Marcos Amazonas Santos
- 23 de out.
- 2 min de leitura

Os batistas, em seus princípios primam pela liberdade religiosa e pela separação entre a Igreja e o Estado. Por liberdade religiosa entende-se que cada pessoa tem o direito de adorar a Deus como queira, seguir a religião que desejar ou até mesmo não professar nenhuma religião. Quanto a separação entre Igreja e Estado, em primeiro lugar afirma-se que o Estado não deve ter uma religião oficial ou estatal, ele deve ser laico. Portanto, foi com pesar e espanto que vi surgi no Brasil uma dita bancada cristã e me questiono o que se pretende com tal grupo.
Não podemos esquecer que todas as vezes que a religião tomou conta do Estado, o resultado foi perseguição e destruição de direitos. Uma teocracia imposta, que viola direitos é insustentável. O Estado deve ser laico, garantindo o direito de todos os cidadãos de professarem ou não uma religião. Cada cidadão deve respeitar o direito dos outros. É fundamental ter cada coisa no seu devido lugar.
Não há necessidade de uma bancada cristã, como também não há necessidade de nenhuma bancada que defenda qualquer espectro religioso. O Estado é laico e aqueles que foram eleitos pelo voto popular devem entender que legislam para toda população e não para determinado grupo religioso.
Houve um momento da vida de Jesus em que ele foi posto à prova, os líderes religiosos dos seus dias queriam saber se ele seria fiel ao pressuposto de serem uma teocracia e que se negaria pagar tributo ao Estado. O evangelho de Mateus narra esse evento assim:
“Dize-nos, pois, que te parece? É lícito pagar o tributo a César, ou não? Jesus, porém, conhecendo a sua malícia, disse: Por que me experimentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda do tributo. E eles lhe apresentaram um dinheiro. E ele diz-lhes: De quem é esta efígie e esta inscrição? Dizem-lhe eles: De César. Então ele lhes disse: Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (Mt 22.17-21).Não misturem as coisas. Que cada pessoa seja livre para viver a sua espiritualidade como bem desejar ou não. E, cabe ao Estado garantir que cada cidadão seja livre, que os representantes eleitos, legislem para todo o povo e que jamais coloquem sua religião acima do Estado.
Jesus nos ensinou que as coisas de Deus devem ser dadas a Deus. A vivência da espiritualidade tem que ter o seu espaço, mas também afirmou que o que é devido ao Estado deve ficar na esfera do Estado. Portanto, que o Estado continue sendo laico e a Igreja livre. Que o Estado governe para todas as pessoas independentes de suas crenças ou falta dela e que a Igreja (As religiões) seja livre para adorar e cultuar sem interferir na vida do Estado.



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