Apesar de...

Sou afortunado, o lugar onde resido, permite-me contemplar do alto toda a beleza da cidade de Coimbra. Cidade essa, que me acolheu e que eu aprendi a amar (Manaus continua sendo a cidade do coração) e os estudantes que me perdoem, mas ela tem sempre encanto e não há mais encanto na hora da despedida. Foi contemplando a beleza de Coimbra, que parei para refletir sobre o momento em que o Senhor Jesus, do alto contemplava a cidade de Jerusalém e chorou sobre ela e, no outro dia falou asperamente com os escribas e fariseus e em relação à cidade de Jerusalém o Mestre disse:

“Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas aqueles que te são enviados! Quantas vezes eu quis reunir teus filhos, como a galinha reúne seus pintinhos debaixo de suas asas... e tu não quiseste!” (Mt 23.37). 

O que aprendemos com esse breve texto?

A primeira lição é que Jesus apesar de não termos nada de bom, nos quer junto de si. Isso fica patente no texto. Note, o Senhor reconhece que aquela cidade, a capital, o centro religioso de Israel, apresentava um povo violento, que rejeitava os mensageiros de Deus e os matava, mas apesar disso, o Senhor declarou seu amor àquela gente e faz o mesmo em relação a nós.

A segunda lição é que o amor não tem nada haver com merecimento, mas é apesar de tudo. Note, o Senhor declarou toda a rejeição do povo, todo o desprezo sofrido pelos líderes religiosos, mas apesar disso tudo, Ele amou aquela gente. Apesar de sermos quem somos, de muitas vezes desprezarmos e rejeitarmos o Senhor, ainda assim, Ele amou-nos ao ponto de morrer por nós.

Outra lição é que apesar de sermos quem somos o Senhor deseja nos acolher e proteger. A imagem utilizada por Jesus foi de uma galinha reunindo seus pintinhos debaixo de suas asas, além de mostrar o cuidado maternal de Deus, ensina-nos como o Senhor deseja nos proteger, nos guardar e nos ter perto de Si. Entretanto, Jesus declara que Jerusalém rejeitou essa proteção e cuidado. Será que nós não fazemos o mesmo?

Por último, apesar de nos amar tanto, o Senhor deixa-nos livres. Jesus declarou o seu amor por Jerusalém, mas afirmou que ela o rejeitou. Ele também declarou o seu amor por nós, podemos aceitar ou rejeitar o seu amor, até porque o amor deixa o outro livre. Ele nos ama, mas cabe a nós respondermos se queremos ou não aninharmo-nos sob as asas do Senhor.

Eu tenho uma visão privilegiada sobre a cidade de Coimbra. Amo-a e fui acolhido pelo povo conimbricense. Jesus viu a cidade de Jerusalém e chorou sobre ela e depois afirmou que apesar de amá-la, foi rejeitado por ela. Ele nos vê e ama-nos, iremos aceitá-lo ou rejeitá-lo?