A súplica
- Marcos Amazonas Santos
- 29 de jan. de 2024
- 3 min de leitura

As imagens que chegam dos relatos das guerras são angustiantes. É triste ver a expressão de dor das pessoas, suas lágrimas e as suas cidades completamente destruídas. Diante dessas imagens, recordei a canção de Sérgio Pimenta: “Só quem sofreu / Pode avaliar quem sofreu / Pode se identificar / Pode ter o mesmo sentir / Só quem sofreu / Tem palavras de puro mel / Que transmitem todo o calor / Para quem precisa de amor". Toda e qualquer pessoa que já experimentou a dor da perda se solidariza como sofrimento dos outros. Tudo isso me fez recordar da atitude de Neemais quando soube o que estava acontecendo em sua cidade e com o seu povo. A Escritura narra assim:
“Palavras de Neemias, filho de Helquias. No mês de Casleu do vigésimo ano, encontrando-me eu em Susa, no palácio, eis que chegaram de Judá, Hanani, um de meus irmãos, com alguns companheiros. Perguntei-lhes pelos judeus libertados que tinham escapado ao cativeiro e a respeito de Jerusalém. Os que escaparam, disseram-me eles, os que voltaram do cativeiro, estão lá na província, numa grande miséria e numa situação humilhante; os muros de Jerusalém estão em ruínas e suas portas foram incendiadas. Ouvindo tais palavras, sentei-me para chorar e fiquei vários dias desconsolado; jejuei e orei diante do Deus do céu, dizendo: Ah! Senhor, Deus do céu, Deus grande e terrível, vós que permaneceis fiel à vossa aliança e exerceis a misericórdia para com aqueles que vos amam e observam os vossos mandamentos, que vossos ouvidos estejam atentos e vossos olhos se abram para ouvirdes a prece que eu, vosso servo, estou fazendo na vossa presença, de noite e de dia, pelos filhos de Israel, vossos servos, confessando os pecados que nós, os israelitas, cometemos contra vós. Porque eu mesmo e a casa de meu pai temos pecado. Nós vos ofendemos gravemente e não observamos as leis, mandamentos e preceitos que destes a Moisés, vosso servo. Lembrai-vos da palavra que destes ao vosso servo Moisés, dizendo: se transgredirdes meus preceitos, eu vos dispersarei entre as nações; mas, se voltardes a mim, se observardes meus mandamentos e os praticardes, mesmo que estejais deportados às extremidades do céu, eu vos reunirei ali e vos farei retornar ao lugar que escolhi para estabelecer nele a morada de meu nome. Eles são vossos servos, esse mesmo povo que libertastes com o poder e a força de vossa mão” (Ne 1.1-10). O que aprendemos com esse texto?
A primeira lição é que diante da dor e tragédia dos outros precisamos ser sensíveis. Neemias, diante da tragédia do seu povo, chorou, ficou inconsolável. Sentiu a dor dos seus irmãos, solidarizou-se com eles. Precisamos ter sensibilidade para sentir a dor dos outros e nos identificarmos com eles.
A segunda lição é que precisamos fazer uma leitura correta da história. Neemais olhou para a história e reconheceu as falhas do povo e as suas próprias. Ele não justificou os erros, não procurou desculpas para a situação que estavam vivendo. Ele simplesmente olhou para a história e assumiu que tudo aquilo era o resultado dos seus erros. Ou seja, faça uma análise correta da história e assuma a sua realidade existencial.
Por último, aprendemos que devemos suplicar pela intervenção de Deus. Neemais sentiu a dor do povo, chorou e jejuou, mas ergueu sua voz aos céus, confessou seus pecados e suplicou pela misericórdia de Deus e por sua intervenção, afim de restaurar o povo. Sinta a dor das pessoas, chore com elas e por causa delas, mas acima de tudo, erga sua voz em oração a Deus, clamando por sua intervenção e misericórdia.
Diante das trágicas notícias sobre as guerras que estão acontecendo, é preciso mostrar sensibilidade, mas é fundamental silenciar e erguer a voz aos céus e suplicar para que Deus intervenha e manifeste sua misericórdia. Estás orando?



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