Pessoas valem mais que coisas
- Ticiano Alves
- 19 de jan. de 2021
- 3 min de leitura

Há uns 30 anos li um artigo, “A família em primeiro lugar” de Stephen Kanitz, que me impactou muito. Nesse artigo há duas coisas que me chamam a atenção. A primeira é o relato de um empresário que viveu para ganhar dinheiro, não teve tempo para família e nem para os amigos. Foi um homem que investiu no ter e deixou o ser de lado, apesar de ter sido uma pessoa muito preocupada com o social. A segunda é do compromisso que Stephen assumiu consigo mesmo. É magnífico ver o que ele escreveu: “Por meses eu me lembrava dessa cena patética e sonhava com ela. Prometi a mim mesmo e a minha esposa que nunca aceitaria seguir uma carreira assim.
Colocar a família em primeiro lugar não é uma proposição ética tão óbvia, trivial, nem tão aceita por aí. Basta entrar na internet e você encontrará milhares de artigos que lhe dirão para colocar em primeiro lugar os outros – a sociedade, os amigos, o dever, o trabalho, o cliente, raramente a família”.
E eis que o mundo colapsou. Fomos assolados por uma pandemia e de repente, fomos despertados para o valor da família e de estar em família. Mas também descobre-se que, quem não tem a família em primeiro lugar vive a pior das suas crises. No entanto, crise sempre é uma oportunidade de mudar e esse é o momento de dedicar tempo à família e curar as feridas que estejam abertas.
Neste tempo, em que abrandámos a correria e nos demos conta da importância de estar com os amigos. Percebemos que não vale mesmo nada ficar com discussões bobas. É preciso aproveitar o momento e vivê-lo com intensidade ao lado daqueles que são importantes para nós, até porque, a pandemia mostra-nos que só temos o presente e não há garantia nenhuma de futuro. É preciso viver o momento ao lado de quem amamos.
O terrível Covid-19 mostra-nos o quão frágil somos e como estamos investindo o nosso tempo de forma equivocada. O trabalho é importante, mas não pode valer mais que nossa família e nossos amigos. É preciso ser antes de ter e acima de tudo, arranjar tempo na agenda para estar na companhia das pessoas.
A Escritura mostra-nos que Jesus sempre teve tempo para as pessoas. Um dos textos mais belos na minha opinião é o de seu encontro com Zaqueu, pois este só queria ver Jesus, mas Jesus para e o surpreende chamando-o pelo nome, e diz para ele descer depressa, pois convinha-lhe ficar na casa dele (Lc 19.1-10). O Mestre teve tempo em sua agenda para se encontrar com Zaqueu. Interrompeu sua viagem e mostra-nos o quão importante é estarmos com pessoas e valorizá-las pelo que elas são, seres humanos criados à imagem e semelhança de Deus.
O artigo de Kanitz mostra que precisamos priorizar as pessoas. Família e amigos e nunca o ter pelo ter e o Covid-19 nos ensina que somos frágeis e que não temos garantia nenhuma para o futuro. Entretanto, o Mestre nos diz que precisamos viver a vida valorizando as pessoas, arrumando tempo em nossa agenda para partilhar uma refeição com elas e assim, de maneira sútil, veremos o triunfo da vida. Não esqueçamos que pessoas valem mais que coisas e quem investe no ter, no fim fica vazio, mas quem investe no ser, torna-se rico.



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